A relação entre bruxismo e disfunção temporomandibular (DTM) é foco de estudo há muito tempo. No entanto, há dificuldade em comparar os estudos pelas diferenças na metodologia em relação ao diagnóstico, tanto para as DTMs e para o bruxismo, e pelo risco de viés.
Um estudo clínico recente investigou a correlação entre bruxismo do sono (BS) e disfunção temporomandibular (DTM). A DTM foi diagnosticada por meio de um questionário validado para pesquisa (RDC/TMD) e o bruxismo do sono com base em: I) questionários validados, II) sintomas clínicos e III) dados eletromiográficos. Além disso, uma avaliação psicossocial também foi realizada.
Um total de 110 indivíduos foram incluídos no estudo. Destes, 58 foram diagnosticados com bruxismo e 52 sem bruxismo. Entre os principais achados, tem-se que:
▫dos 58 pacientes com bruxismo, 10 apresentaram dor miofascial (dor muscular);
▫não foram encontradas diferenças significativas entre pacientes com bruxismo e sem bruxismo em relação ao diagnóstico de DTM articular;
▫a somatização foi significativamente mais comum nos pacientes com bruxismo e foi o único fator significativamente correlacionado com o diagnóstico de dor miofascial.
Portanto, sintomas físicos inespecíficos (somatização / fatores psicossociais) parecem ser um preditor mais forte do que o bruxismo do sono para o diagnóstico de dor miofascial (dor relacionada à musculatura da face).
Os trabalhos não permitem estabelecer relação positiva entre o bruxismo do sono e a DTM, mas reforçam a necessidade de uma boa avaliação para esses pacientes.
Referência:
Ohlmann B et al. (2020). Correlations between sleep bruxism and temporomandibular disorders. J Clin Med. 2020;9(2):611.